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24 de fevereiro de 2011

Torre de Belém

Caminhando pela margem do Tejo após saborear um bom tinto, cheguei à  Torre de Belém, terceiro elemento que torna a localidade de Belém (desculpem, mas a repetição foi inevitável) destino certo daqueles que visitam Lisboa. A Torre, que na verdade é quase um forte, é um dos monumentos mais expressivos da cidade (assim como o Padrão dos Descobrimentos). Mesmo sem nunca ter ido lá, certamente você já a conhece de fotos, filmes, revistas, documentários etc. 

A primeira coisa que posso dizer sobre a Torre é: lá não há banheiro. A segunda: prepara-se para subir muitas escadas. A terceira: as pessoas eram bem pequenas pelos idos dos séculos passados. Digo isso porque portas e janelas da torre são minúsculas e imaginar soldados tendo de ficar ali de prontidão com aquelas roupas super pesadas ... ui! tive certa claustrofobia.
Lateral da Torre de Belém
Foto: Nara Franco
Comprei a entrada conjunta com o Mosteiro e entrei na Torre fugindo de um grupo de turistas japoneses. Nada contra o pessoal do Oriente, mas queria admirar o monumento sozinha. Para quem não sabe (como eu também não sabia), a Torre de Belém foi classificada como Património Mundial pela UNESCO e eleita uma das Sete maravilhas de Portugal.

Como todo monumento em Lisboa, a Torre foi construída em homenagem a São Vicente de Saragoça, padroeiro da cidade, a fortificação integrava o plano defensivo da barra do rio Tejo projetado à época de João II de Portugal. Andando pela torre e observado a localização de janelas e mirantes, nota-se a ampla visão que se tinha da cidade e a capacidade de protege-la por todos os lados do Tejo. É interessante ouvir o vai e vem das ondas batendo na construção e sua beleza. Fiquei imaginando a umidade e frio pelo qual passavam os soldados portugueses.

A estrutura da Torre só foi iniciada em 1514 sob o reinado de Manuel I de Portugal (1495-1521), tendo como arquiteto Francisco de Arruda. Localizava-se sobre um afloramento rochoso nas águas do rio, em frente à antiga praia de Belém, e destinava-se a substituir a antiga nau artilhada, ancorada naquele trecho, de onde partiam as frotas para as Índias.
Visão do alto da Torre de Belém.
Ao fundo, Padrão dos Descobrimentos.
Foto: Nara Franco

Concluída em 1520, seu primeiro alcaide (prefeito) foi Gaspar de Paiva, nomeado para a função no ano seguinte. Com a evolução dos meios de ataque e defesa, a estrutura foi, gradualmente, perdendo sua função defensiva original. Ao longo dos séculos foi utilizada como registro aduaneiro, posto de sinalização telegráfico e farol. Seus paióis foram utilizados como masmorras para presos políticos durante o reinado de Filipe II de Espanha e, mais tarde, por João IV de Portugal


O grande barato da Torre está em seus detalhes, apesar de ser praticamente uma fortaleza. Em sua decoração exterior encontram-se cordas com nós esculpidas em pedras, torres de vigia em estilo mourisco (que infelizmente encontravam-se mal conservadas) e ameias em formas de escudos da Ordem de Cristo. Não a vi à noite, mas deve ser interessante admira-la iluminada.

Há placas contando a história da torre em todos os pavimentos onde o visita pode circular. Atenção com as escadas que são estreitas e em forma circular. Deu uma certa tonteira ao descer. Detalhe para a figura de um rinoceronte, que hoje mais parece um porquinho, presente em um dos pilares da Torre. Pelo que li no guia, aquela figura foi a primeira representação de um rinoceronte em terras portuguesas.

O interior é mais sombrio e na parte de baixo estão as 16 canhoneiras que protegiam a cidade. Subindo, você passa por cinco pavimentos descritos como:
  • Primeiro pavimento - Sala do Governador
  • Segundo pavimento - Sala dos Reis
  • Terceiro pavimento - Sala de Audiências
  • Quarto pavimento - Capela
  • Quinto pavimento - Terraço da torre
O terrapleno, guarnecido por ameias, constitui uma segunda linha de fogo. Ali está o santuário de Nossa Senhora do Bom Sucesso (foto ao lado) com o Menino, também conhecida como a Virgem do Restelo.

Terminei a vista com as pernas cansadas das escadinhas, mas deslumbrada com a vista que a Torre proporciona. Logo ao lado há o Museu do Exército Português e um simpático e limpíssimo banheiro público mantido por soldados veteranos. Fim de festa em Belém, hora de saborear os famosos pastéis do bairro.



19 de fevereiro de 2011

Captivating charm of Lisbon

Dando um tempo nos meus relatos sobre Lisboa, fui buscar na web matérias que falassem sobre a cidade. Apesar desse blog ter minha cara e estilo, quero dar aos meus leitores muitas opções na hora de planejarem suas viagens. Não seria tão egoísta ao ponto de não colocar outras visões sobre a capital portuguesa. 

Ah! Também conto com a participação de vocês. Se você tem alguma dica para compartilhar com os amigos sobre Lisboa será muito bem vinda!

Continuando: o site Iol Travel foi conferir o charme lisboeta. O link, como sempre, está aí no título. Mas se você está com preguiça de ler, destaco aqui os pontos altos da matéria. 

Ai como sou boa! ;)

Pra começar: Lisboa é a segunda cidade mais visita da Europa. Só perde para Barcelona. Por ano, 10 milhões de turistas vão curtir às igrejas e "pastelarias" de Lisboa. Vale lembrar que nas pastelarias não há pastéis como conhecemos aqui, mas sim bolos, pastéis de Belém, tortas e doces que fazem seu colesterol aumentar só de olhar.

Mas o interessante dessa matéria é ver que o repórter, a princípio, não foi muito com a cara da cidade e logo no começo da reportagem enumera vários defeitos. Porém, no meio do texto, ele se pergunta porque sente saudade de uma cidade que ele achou desinteressante. 


"The charm of Lisbon (for me) is that it does not impose itself in the same way as great cities such as London, Paris, Berlin, New York or Singapore. Its influence is much more subtle and there’s something wonderfully refreshing about that".

Concordo. Lisboa é uma cidade sutil. Não te conquista de primeira, mas vai te pegando por detalhes bem interessantes. Ao longo da matéria - que não é daquelas tradicionais que dizem aonde ir, como e quando - o repórter deixa claro que optou por um passeio por lugares onde os turistas "tradicionais" não vão. Escolheu explorar a linha vermelha do Metrô da estação Saldanha até o ponto final, Oriente. O contraste entre esses dois lugares da cidade é gritante. Oriente, uma estação de metrô, trem e ônibus, tem o toque futurista do espanhol Calatrava, representa a Lisboa moderna, de grandes prédios e avenidas. Por lá há o Centro Comercial Vasco da Gama (Centro Comercial = Shopping Center) e o Parque das Nações.

Dois pontos que tratarei mais à frente, mas que adianto, chamam atenção pelo traço futurista que imprime à cidade. Já Saldanha é a Lisboa tradicional, antiga, de roupas nas janelas e vielas. 

No mais, amigos e amigas, sempre que der colocarei aqui fatos novos e inusitados de Lisboa. Espero que gostem da matéria.


18 de fevereiro de 2011

Padrão dos Descobrimentos

Saindo do Mosteiro dos Jerónimos siga em frente e logo, logo você verá o Padrão dos Descobrimentos. Na verdade você já viu o Padrão em alguma matéria sobre Lisboa. Esse é o ponto turístico mais tradicional da cidade, pano de fundo de qualquer imagem sobre o passado glorioso dos navegadores portugueses e de qualquer matéria sobre Lisboa. 

Para chegar até ele - saindo do Mosteiro - basta atravessar um lindo jardim, (que fica em frente ao Mosteiro), muito bem cuidado, que tem no chão pedras protuguesas (claro!) desenhando os signos do zodíaco e um chafariz muito interessante. Do outro lado do parque há uma passagem subterrânea que te levará ao Padrão.

Toda a grandiosidade do Padrão
dos Descobrimentos.

Foto: Nara Franco
Mesmo que você o tenha visto "trocentas" vezes na TV e em revistas, nada vai te preparar para o tamanho do edifício que Cottinelli Telmo esboçou e Leitão de Barros e Leopoldo de Almeida deram forma. Foi erguido em 1940 por ocasião da Exposição do Mundo Português 
 
O Padrão na verdade imita uma caravela ladeada por duas rampas que se reúnem na proa e onde se destaca, com 9 metros de altura, a figura do Infante D. Henrique, que segura nas mãos uma pequena caravela. Gi-gan-te. 

Ao longo das rampas encontram-se 16 figuras de cada lado representando todas as pessoas que compunham as expedições portuguesas. Há padres, soldados, pintores ... é muito interessante descobrir os detalhes de cada figura e ver como elas foram trabalhadas com precisão.

Dê um tempo no local e vislumbre o Rio Tejo, as pontes e o visual que chega até a Torre de Belém. Na beira do Rio há uma pista de corrida e ciclovia, onde - mesmo no frio - há muita gente se exercitando. Dica para as mulheres: prendam os cabelos porque o vento por lá é cruel. 

No chão, um pouco à frente da entrada do Padrão (lá dentro há um elevador que te leva ao topo do monumento por módicos 5 euros e um espaço para exposições), há uma Rosa-dos-Ventos, presente da República da África do Sul a Portugal, onde se vê num grande mapa todas as ex-colônias portuguesas e suas respectivas datas de descobrimento. Sugiro que seja visto de cima por sua amplitude. 
 
Atenção para os horários
de Maio a Setembro das 10h às 19h - todos os dias - últimas admissões: 18h30

de Outubro a Abril das 10h às 18h - de terça a domingo - últimas admissões: 17h30
 

15 de fevereiro de 2011

Mosteiro dos Jerônimos - III

Quando você acha que já viu tudo de bonito no Mosteiro, eis que surge o claustro. Lindo, lindo, lindo ... Tudo bem que o dia claro e de céu muito azul, fez o lugar ganhar ares de filme. Mas, de fato, é maravilhoso (preciso urgentemente de um dicionário de adjetivos!).


Destinado ao isolamento dos monges, é um local sereno, silencioso e muito tranquilo. Projetado por Diogo de Boitaca, que iniciou os trabalhos no começo do século XVI, foi continuado por João de Castilho a partir de 1517 e concluído por Diogo de Torralva entre 1540 e 1541. Segundo li no meu super Guia, o claustro do Mosteiro dos Jerónimos representa um dos monumentos mais significativos da arquitetura manuelina. Quem puder me fornecer mais informações sobre esse fato, agradeço.

Corredor do claustro
Foto: Nara Franco
Como não tenho conhecimento técnico para descrever o que vi, reservei-me o direito de fotografar o claustro até enjoar. Como é todo de pedra, faz um friozinho ainda maior por lá. Mesmo assim, aprecie o local com calma e moderação. Na ala norte do claustro inferior dê uma olhada no túmulo de Fernando Pessoa, da autoria de Lagoa Henriques, construído em 1985. O túmulo não é nada convencional e muito bonito. Formado por uma espécie de pilastra de quatro lados, conta em cada um deles com poemas de autoria de Pessoa. Singelo, mas muito bonito.

Caminhe mais um pouco e descubra o refeitório.
Construído entre 1517 e 1518 pelo mestre Leonardo Vaz e seus oficiais, tem como destaque paredes revestidas por um silhar de azulejos de 1780-1785. Portugueses amavam e ainda amam azulejos. Talvez não damos o verdadeiro valor que essas peças têm. Até então eu nunca tinha parado para pensar muito neles até ver esses painéis que representam no topo norte o Milagre da multiplicação dos pães e dos peixes (Novo Testamento) e nas paredes laterais cenas da Vida de José do Egipto (Antigo Testamento).

Sim, amigos e amigas, Lisboa é muito católica.

14 de fevereiro de 2011

Mosteiro dos Jerónimos - Parte II

 
Portal Sul do Mosteiro
Foto: Nara Franco
O Mosteiro é lindo. Deslumbrante. O lugar mais bonito que vi em Lisboa. Dei sorte pois o dia estava claro, com muito sol, um céu azul fantástico. Cheguei pelo Portal Sul e não há como ficar indiferente à grandeza do lugar.

Construído entre 1516 e 1518 por João de Castilho e seus oficiais, o Mosteiro tem no Portal Sul sua entrada lateral. A figura central deste maravilhoso pórtico é Nossa Senhora de Belém. Nos tímpanos figuram duas cenas da vida de S. Jerónimo – com vestes de cardeal arrancando o espinho da pata do leão e como penitente no deserto. Sobre o tímpano estão representadas as Armas de Portugal. Vale a pena conferir cada detalhe: são incríveis. De um realismo de deixar o queixo caído. Acabei entrando por ali mesmo pois a extensão do mosteiro assusta. 


Comprei a entrada que dá direito a visitar o Mosteiro e a Torre de Belém. O bilhete individual custa 7 euros (só o Mosteiro). Mosteiro + Torre = 10 euros. Indico essa compra casada até para ganhar tempo. Há ainda a opção Mosteiro + Torre + Palácio Nacional da Ajuda que sai a 13 euros. Sempre vale lembrar: maiores de 65 anos pagam metade desse valor, assim como jovens entre 15 e 18 anos acompanhados dos pais. Domingos e feriados até às 14h a entrada é gratuita. 


Entrada comprada hora de começar a visita. Ao entrar no Mosteiro a primeira coisa que se vê é a Igreja Sta. Maria Belém. Linda de viver! Gigantesca, de uma luz maravilhosa. Para quem é arquiteto, mando a seguinte letra (claro que copiada do site do Mosteiro): "A Igreja apresenta uma planta em cruz latina, composta por três naves à mesma altura (igreja salão), reunidas por uma única abóbada polinervada assente em seis pilares de base circular". Sacaram?


Túmulo de Luís de Camões
Foto: Nara Franco
 Logo na entrada, após se recuperar daquele "ooohhhhh" que a igreja causa, você se depara com o túmulo de Vasco da Gama à esquerda e o de Luís de Camões à direita. Eles mesmos. Não diria em carne e osso porque ali não resta nem pó para contar história, mas são os túmulos das duas figuras mais homenageadas de Portugal. Veja bem os detalhes dos túmulos: naus e caravelas no de Vasco e citações literárias no de Camões. 

Ande por toda a igreja contemplando cada detalhe. São muitos. A abóbada do cruzeiro cobre uma largura de 30 metros. No braço esquerdo do transepto estão sepultados os restos mortais do Cardeal-Rei D. Henrique e os dos filhos de D. Manuel I. No braço direito, encontra-se o túmulo do Rei D. Sebastião e dos descendentes de D. João III.

Há ainda o belíssimo altar, o órgão ... É tudo tão grandioso que é difícil não se pegar de boca aberta apreciando as colunas, as imagens sacras e o deslumbramento dos visitantes. Em seguida, aprecie tudo isso do alto, do Coro-Alto da igreja. Este espaço destinou-se as atividades fundamentais dos monges da Ordem de São Jerónimo - orações, cânticos e ofícios religiosos. Além de um cristo crucificado enorme que de certa forma dá até um pouco de medo, vale muito ver nas paredes um conjunto de pinturas representando os apóstolos (só dez pois perderam-se duas telas em 1755, naquele terremoto que praticamente redesenhou Lisboa) e ainda um S. Jerónimo e um Santo Agostinho, todos de autor desconhecido, mas lindos.

Mosteiro dos Jerónimos

As ruas de Alfama deixaram marcas. No segundo dia em Lisboa acordei to-da dolorida.  Quando eu digo to-da é toda mesmo. Nem 2 mil metros de natação me deixaram tão quebrada. Vida que segue, né? Amigos e amigas ... não há academia de ginástica que te prepare para as "escadinhas" da capital portuguesa. Acreditem: elas são muitas. Mas como disse minha mãe, olhemos para o lado bom da coisa: você volta para o Brasil com panturrilhas e bumbum mais durinhos.  Sem falar que se come bem em Lisboa e gastar as calorias passeando é sempre bom. 

Encarei um Dorflex e parti para o outro lado da cidade. Meu destino era um trio de pontos turísticos obrigatórios: Mosteiro dos Jerónimos, Padrão dos Descobrimentos e Torre de Belém. Tipo assim ... TEM que ir. 

Da Baixa até Belém a melhor opção é o ônibus. São confortáveis, espaçosos e práticos. Mas atenção: em Lisboa não há cobradores nos ônibus. A passagem deve ser comprada nas casas lotéricas e você paga por viagem. É uma espécie de cartão magnético de papel, que os portugueses chamam de Títulos. Deixo aqui o link para que você pesquise e entenda melhor como funciona o Carris.

Não exagere na compra de passagens pois elas só tem validade de 24h. Acho quatro viagens um bom número e se você não usar uma, por exemplo, o prejuízo nem será tão grande. Na Praça da Figueira o ônibus 714 - Direção Outurela tem um ponto em frente ao mosteiro sabiamente chamado de Mosteiro dos Jerónimos. Outra opção - se você estiver saindo da Baixa (atenção!) - é a linha 15E - Direção Algés - Jardim.

#ficaadica
Se você mora no Rio de Janeiro vai achar o sistema de transporte de ônibus de Lisboa o paraíso no planeta Terra. Além de confortáveis, os coletivos saem e chegam em horários rigidamente marcados (que aparecem no Google Maps e nos pontos também!) e só param em seus pontos específicos. Não é necessário fazer sinal e nem se descabelar para que ele pare. Todos os pontos contam com mapas das linhas super explicativos (caso você se perca) e dentro dos carros há mapas também. Tudo é muito prático e objetivo. Os pontos são distribuídos por letras. Por exemplo, o 714 parte do ponto I. Na praça é só você procurar o ponto I (que fica entre o H e o J, dã!) e voilá .. ônibus!

12 de fevereiro de 2011

Europa é caro?

É. Levando-se em consideração que 1 euro = R$ 2,30 (em média) é claro que viajar para a Europa é caro. Mas caro, amigos, não significa impossível ou inviável. Lendo muito antes, pesquisando, buscando dicas, conversando com amigos, dá para fazer uma viagem confortável para qualquer lugar. Inclusive países europeus. Com mil euros dá para passear, conhecer os principais pontos turísticos e curtir. 

Pense o seguinte: quanto você vai gastar por dia? 50 euros? Acho uma boa média... em Lisboa há pratos executivos e bem servidos por 9 euros. Com o transporte público eficiente, dá para ir e vir de qualquer lugar sem necessidade de táxi. E a quantidade de bons albergues em Portugal, por exemplo, garante uma viagem sem extravagância para todos os orçamentos. 

O segredo de qualquer viagem é o planejamento. Leia muito, pesquise. A Internet é uma amiga e tanto. Pergunte aos amigos, todos, sem exceção. Dos mais ricos aos mais duros. Compre revistas de turismo. Risque, sublinhe e trace seu roteiro. 

8 de fevereiro de 2011

Gastronomia lusa

Ir a Lisboa e não comer bacalhau é como vir ao Rio de Janeiro e não beber um chope ou não ir à praia. Não preciso ficar enumerando aqui os inúmeros restaurantes tradicionais espalhados pela cidade. Seria um blog sem fim e chato pacas. Além do mais, não sou crítica gastronômica. Como de um tudo. 

Minha idéia aqui é dar um panorama do que acontece na cidade em termos de boa comida. Mesmo comendo de um tudo as vezes até sem critério, gosto de saber onde estou pisando. Ou melhor, onde estou comendo. Viajantes sofrem por ignorância. As vezes nos impressionamos com uma boa apresentação e acabamos por encarar uma comida ruim. 

Como apreciadora de um bom prato, leio e releio guias em busca de novidades. Da linha tradicional sugiro o Martinho da Arcada. Não fui; portanto, se for ruim podem me xingar. Por que indico então? Esse é um top 10 de indicações. Está em todos os guias, livros, revistas e jornais. Não fui por mero acaso, confesso.

É um dos locais mais emblemáticos de Lisboa e tem um "passaporte" importante na cidade: era frequentado por Fernando Pessoa. Fica na Rua da Prata, na Baixa/Chiado, e data de 1700. Mas se você prefere algo mais moderno, comida conceitual mesmo, eu recomendo o bistrô 100 Maneiras. Ambiente "phyno", mas de um conforto ímpar. Aconchegante. Por lá bebi um syrah de chorar e comi um queijo de cabra derretido com ervas que, sinceramente ... ai, ai ... 
 
Para que ninguém caia no "conto do vigário", deixo aqui o link para o guia Comer & Beber da revista Time Out dedicado à Lisboa. Pesquisem, leiam e arrisquem. A Time Out é uma revista super descolada e vira-mexe faz edições exclusivas sobre cidades importantes do mundo. 


Ah! E se você foi a Lisboa e comeu uma comida daquelas, mande a dica pro Bulhufas!

Cansou de andar?

Hora de beber uma Pedras Salgadas (sou especialista em água com gás e essa eu recomendo muito) geladinha e curtir o ótimo café português que, sempre vale lembrar, custa menos de 1 euro. Mas atenção: em Portugal, quando se pede um café o termo tradicional para designar o espresso é bica, um acrônimo que significa "Beber Isto Com Açúcar"

Ora pois .. mas por quê? 
O café espresso quando começou a ser comercializado em Lisboa, no café "A Brasileira", não agradou aos lisboetas, pelo que foi criado o slogan. O termo teve tanto sucesso que acabou por resistir até os dias de hoje. 

Fachada do café A Brasileira
Foto: Nara Franco

Não faltam opções para esticar as pernas, descansar um pouco e dar uma olhada no guia para ver se o caminho está certo, se o caminho escolhido está te levando para a direção certa. Há desde de pequenas biroscas a restaurantes. Muito perto da Sé uma boa opção é o Pois, café (Rua de São João da Praça 93), confeitaria (no melhor sentido português) com jeito moderninho. Fica aberta de 11h às 20h e é comandada por um suíço. Por ali você já pode dizer que está em Alfama. Essa mesmo ..
a Alfama dos fados vadios!

O bairro de Alfama é conhecido por suas vielas, mas também pelas inúmeras casas de fado. Esse é um programa noturno, que pode parecer meio de índio, mas que eu recomendo. A casa de fado que fui ficava no Bairro Alto, mas posso falar um pouco sobre as opções de Alfama

Uma delas é o Clube de Fado. Fui olhar aqui no site e me arrependi de não ter ido!!

#ficaadica
Antes de escolher a casa de fado preste atenção nas atrações da noite e no couvert artístico. Algumas casas são dedicadas a cantores amadores. E isso eu não recomendo. O fado requer voz, postura e fico pensando o que seria um karaokê de fado regado a vinho. Tenho medo. Vá nas casas mais famosas mesmo que a princípio elas pareçam feitas sob medida para turistas. Depois de 22h elas podem surpreender.

Sé de Lisboa

Lisboa não é uma cidade para ateus. Muito menos para aqueles que desdenham de santos. Lisboa é uma cidade com igrejas. Muitas igrejas e é inevitável não entrar nelas quando se visita qualquer lugar. Se não há uma igreja certamente terá uma capela e assim por diante. 

Lisboa tem igrejas de todos os tamanhos e cores, para todos os santos e santas. É um festival de contemplação católica que satisfaz qualquer paladar e anseio por uma boa prece. Como falei no post anterior, minha subida até o Castelo de S.Jorge foi surrealmente errada. Andei como moura para chegar no lugar onde os mouros foram colocados para correr. Irônico. No caminho, passei pela . Na subida, ávida pelo Castelo,  não entrei. E o dia ainda estava claro. 

Bola fora. Ao descer já estava escuro e entrei na Sé com ela já muito escura, quase mórbida. Ainda assim valeu. Para você, caro leitor, que deseja contemplar a Sé em seu esplendor, o melhor a fazer é se programar para visita-la antes de chegar ao Castelo. Preferencialmente pela manhã. O ideal é pegar a Rua da Madalena até chegar ao Largo da Madalena. Ali, é claro, há a Igreja da Madalena. Uma igreja simples, que vale uma visitinha rápida. Bem pertinho há uma loja de artesanato muito legal com ótimos presentinhos temáticos sobre Portugal. 

Para quem gosta de algo mais típico, os elétricos (aqueles bondinhos que circulam pela velha Lisboa) passam por ali direto. Os de número 12 e 28 podem ajudar no percurso porque dali em diante é só ladeira!

A Sé de Lisboa é linda. Monumental. Datada de 1147, é um dos símbolos da Reconquista cristã do território. Foi construída quando o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, conquistou a cidade aos mouros, em 1147. No local existia uma mesquita muçulmana (informações do site www.visitportugal.com).  

Em termos de arquitetura, nasceu segundo o estilo românico da época, também presente na Sé de Coimbra, mas nos séculos seguintes sofreu transformações importantes em estilo gótico, em que se destaca o deambulatório (o que é isso?!?!?!), mandado construir por D. Afonso IV (1291-1357) para seu panteão familiar.

No interior, merece um olhar mais atento a capela de Bartolomeu Joanes, capela privada de um importante burguês da Lisboa medieval, e o claustro de planta irregular, uma obra inovadora no estilo gótico português mandado construir pelo rei D. Dinis (1261-1325).


Há ainda a pia batismal onde Santo Antônio teria sido batizado. Visita obrigatória. 


Serviço!
Endereço: Largo da Sé 1100
Igreja - 09h às 19h
Claustro: 10h às 18h (Verão); 10h às 17h (Inverno)

De metrô, a estação Baixa/Chiado está a 500 metros do local. Para chegar a ela, utilize as linhas azul ou verde. 
Entrada gratuita

4 de fevereiro de 2011

Baixa - Castelo de S.Jorge

Comecei meu passeio em Lisboa mais precisamente na Rua das Portas de Santo Antão, local repleto de restaurantes para turistas. Evite. É chato passar por lá e ficar ouvindo aqueles caras na porta perguntando se você é brasileiro, italiano ou inglês, oferecendo comidas típicas como se você nunca tivesse visto uma posta de bacalhau na vida.

Apesar de ali estar o Gambrinus, restaurante de frutos do mar recomendado em todos os Guias que li sobre Lisboa. De repente tem até uma ótima comida, mas não é um local onde você verá gente bonita. Local tradicional que pode valer como estudo antropológico e patrulhamento estético. Para quem não sabe ... patrulhamento estético é basicamente falar mal das roupas dos outros.

Voltando ao Gambrinus ... mesmo recomendado saltei fora do lugar. Achei nojento. Nada contra esse restaurante específico, mas é comum na cidade a exibição nas vitrines dos restaurantes de peças de carne e pescados. Tudo cru. Tudo enorme. Tudo um nojo.


Castelo visto da Praça da Figueira
Foto: Nara Franco

Meu destino neste primeiro passeio era o Castelo de São Jorge que já na Praça da Figueira podia ser admirado. em todo o seu esplendor. Aberto ao público 365 dias por ano, o Castelo de São Jorge oferece ao visitante uma ampla e linda vista da cidade. 

Depois de me perder pelas ruas de Alfama (e isso não é uma letra de fado!), acabei chegando lá no fim da tarde. Não recomendo. Melhor visita-lo pela manhã. Há jardins, mirantes, um belo café. Acredito que num belo dia de sol e com mais tempo o passeio renda mais.

A história do Castelo remonta à fundação da cidade de Lisboa. Construído pelos muçulmanos em meados do século XI, a fortificação integrava o complexo da alcáçova islâmica de Lisboa, constituída pelo castelo (com uma função exclusivamente de defesa), pela zona palatina (paço do alcaide mouro) e por uma zona residencial para altos dignatários da administração.

Após a conquista de Lisboa, em 25 de Outubro de 1147, por D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, até ao início do séc. XVI, o Castelo de S. Jorge conheceu o seu período áureo. Transformado em Paço Real pelos reis de Portugal, ampliaram-se e adaptaram-se os espaços antigos, construíram-se outros novos, instalou-se o Rei, a Corte e o arquivo régio numa das torres do castelo, receberam-se personagens ilustres nacionais e estrangeiras, realizaram-se festas e aclamaram-se Reis (tudo isso segundo o site Visit Lisboa - www.visitlisboa.com)

Uma vez lá, veja a estátua de D.Afonso Henriques, que fica logo na entrada. Aproveite para tomar um café (que em Portugal custa menos de 1 euro!) no Café do Castelo. Há por lá ainda um sofisticado restaurante de comida portuguesa chamado Casa do Leão. Como não fui, não emitirei opinião. Mas se você tiver interesse o contato para reservas é +351 218 880 154. E-mail: reservas.restaurantes@pousadas.pt.

Pelas ruas de Alfama com a
língua no pé!
As opções de "lazer" no Castelo são poucas. Como não sou muito fã de arqueologia e ruínas e ainda por cima cheguei lá botando os bofes para fora, não considerei a visita na categoria “essencial”. É bonito? Sim. Pela vista quase panorâmica da cidade, pelos pavões correndo pelo jardim e pelo prazer de estar de fato em algo que foi num passado distante um castelo (ou o que sobrou dele) como aqueles que vemos em filmes sobre os tempos medievais.
E só, tá?


Serviço!
A entrada custa 7 euros. Estudantes e maiores de 65 anos pagam 3,50. Crianças até 10 anos não pagam. Atenção para o horário que muda de acordo com a estação do ano: de 1º novembro a 28 fevereiro das 9h as 18h00; de 1º de março a 31 outubro de 9h às 20h. A
Última entrada é permitida até 30 minutos antes do horário de encerramento.

#ficaadica

Esse blog está no fuso-horário de Lisboa.

;)

Chegando à Baixa

Vencida a burocracia da migração, hora de encarar o frio e pegar o táxi. Não preciso dizer que na saída do aeroporto tudo é muito organizado, né? Nada da bagunça que conhecemos aqui no Galeão, por exemplo, onde motoristas te abordam já no saguão. Na primeira corrida (Aeroporto-Baixa) paguei 6 euros. Ou seja: táxi em Lisboa é bem barato. Sempre.

Os motoristas em geral são portugueses mesmo e afáveis. Não estranhe se no meio
da corrida eles falarem ao telefone. Portugueses adoram falar no celular em qualquer lugar.

Rapidinho cheguei ao hotel. Gat Rossio é uma cadeia de hotéis design com presença nos principais países da Europa (Espanha, Alemanha e França). Não é nada caro e a localização do prédio vale qualquer dinheiro.

#ficaadica
Opte por um hotel na Baixa. Essa é a minha sugestão. Por lá, há desde hostels a hotéis cinco estrelas. A localização compensa: na Baixa estão duas das principais estações do Metrô de Lisboa: Restauradores e Baixa/Chiado e uma centena de restaurantes, cafés e bares.

A estação de trem Central do Rossio também é ali. Nela, você pega os trens para Sintra e Cascais. Além dos elevadores de Santa Justa e da Glória (que ligam a Baixa ao Bairro Alto por 3 euros). Sem falar nos vários pontos turísticos da cidade que estão por lá que falaremos mais adiante.

A Baixa, também chamada Baixa Pombalina por ter sido edificada por ordem do Marquês de Pombal na sequência do terremoto de 1755 (e você vai descobrir que tudo em Lisboa foi refeito depois desse evento de 1755), situa-se entre o Terreiro do Paço, junto ao rio Tejo, e o Rossio e a Praça da Figueira (ponto de partida e chegada de uma boa dúzia de linhas de ônibus). Longitudinalmente situa-se entre o Cais do Sodré, o Chiado e o Carmo, de um lado; e a Sé e a colina do Castelo de São Jorge, do outro.

TAP

Para chegar à Lisboa, vá de TAP. A companhia aérea portuguesa é parceira da TAM
e a oferta de vôos é bem razoável.
Os aviões são confortáveis, a comida é honesta
(se viajar à noite peça vinho no jantar. É delicioso, acreditem!) e há uma excelente seleção de filmes à disposição. Atendimento nota 8. Atenção, rapazes: as aeromoças são lindas!

Na ida fui de madrugada e cheguei em Lisboa por volta de 7h. O aeroporto está sendo ampliado e para chegar à migração demorei um pouco. Andei muito. Mas são instalações limpas, bem sinalizadas e com cara de que irão ficar lindas em um futuro próximo.

A migração portuguesa é tranquila, mas não ache que tudo serão flores só porque você é brasileiro e não há aquela papelada chata para preencher durante o vôo. Eles podem pedir as passagens de ida e volta (me perguntaram quantos dias eu ia ficar e se tinha reserva em hotel).

#ficaadica
Faça um seguro de saúde com cobertura mínima de 30 mil euros. Alguns países podem exigir que você mostre o documento. Em Portugal não me pediram, mas como seguro morreu de velho, viaje com um. Há ainda a exigência de quantia mínima de 75 euros por dia para se manter lá. 

Você não precisa sair comprovando nada, mas vai que ...

3 de fevereiro de 2011

A chegada

Bulhufas cruzou o Oceano Atlântico e foi conhecer Lisboa. Por quê Lisboa? Não sei. Pareceu simpático e mais barato conhecer a Terrinha. Enumeremos: 

- Lisboa é a capital de Portugal e maior cidade deste país que colonizou o Brasil entre outros locais mundo afora. 
- Lisboa, um dia, já foi o centro do mundo, cidade dos conquistadores e navegadores.
- Em Lisboa fala-se português.

- Lisboa, Lisboa..

Escolhi, comprei a passagem e pronto. Fui.

Lisboa é a porta de entrada de muitos brasileiros na Europa pois para lá não é preciso ter visto e o fato de falarmos o mesmo idioma ajuda muito a se sentir menos estrangeiro.

Para entender melhor a questão do visto fui pesquisar no site da Embaixada de Portugal. Afinal, ouvimos muitas histórias de pessoas que são barradas quando chegam por lá. Medinho. No site, vi que nos termos da legislação em vigor “os cidadãos brasileiros não necessitam de visto para entrar em Portugal, por um período de 90 dias, nos casos de 1) Turismo; 2) Negócios; 3) Cobertura jornalística; e 4) Missão cultural".

Detalhe do quarto das linhas
de Hotel Gat (Foto: GatHotel)
Menos mal. Passagem ok. Visto ok. Hora de ver hospedagem. Fui buscar opções no Booking.com, site que recomendo MUITO. Mas dessa vez, segui a indicação da amiga Beth Santos e na aventura lusitana fiquei hospedada no Gat Rossio - Rua Jardim do Regedor 27 a 35 - Baixa. Um hotel de estilo moderno, de quartos pequenos, mas super confortáveis, de decoração muito interessante. No melhor estilo hotel despojado com foco na boa aparência e no bom atendimento. Mesmo com a dica amiga, fui ao Booking conferir opiniões de outras pessoas, ver localização, serviços etc.

O ponto alto do hotel, pra mim, era o sistema de sinalização interna, eficiente e lindo. O pequeno almoço, como eles chamam o café da manhã, é de um charme absurdo. Mas depois falo mais sobre ele. De qualquer forma, recomendo.